Acessibilidade escolar: como fazer + cartilha grátis para download

A acessibilidade escolar é muito importante para todos nós. Mas para quem mais precisa dela, ela é um pouco mais que só importante.

Sem ela, essas pessoas não conseguem estudar bem. Ou não conseguem chegar até a escola. Ou têm dificuldades para se locomover dentro dela, perdem tempo no recreio etc.

Ou seja: sem a acessibilidade escolar, muitas crianças e adolescentes acabam extraindo menos do que a escola pode oferecer.

A escola requer participação autônoma. E essa autonomia só vem através da acessibilidade.

Hoje vamos falar mais sobre o tema, entendendo o que ele realmente significa a palavra acessibilidade no ambiente escolar, além de mostrar o que fazer para atingi-la, na prática.

Começando:

O que é a acessibilidade escolar?

“A diferença das pessoas deve vir primeiro” - Maria Teresa Egler Mantoan.

A autonomia dos alunos, como falamos, é um dos principais pontos que a escola precisa oferecer para que o aprendizado aconteça do melhor jeito possível.

Inclusive, métodos como o aluno protagonista estão cada vez mais em evidência nas escolas. A resposta para um mundo cada vez mais globalizado, rápido e que exige uma resposta também rápida das crianças é oferecendo ferramentas e liberdade para pensar.

A acessibilidade escolar oferece um pouco dos dois: ferramentas e liberdade. E ambos conceitos são responsabilidade total da escola.

A acessibilidade escolar é a maneira de entregar essa autonomia para os alunos, seja na sala de aula, no recreio, na porta da escola e até na casa deles, com o ensino híbrido e os deveres de casa.

A acessibilidade é uma palavra muito interessante. Mesmo sendo um substantivo, ela pede um complemento. Acessibilidade é dar para alguém acesso a algo. Quem recebe? E acesso ao que?

Simples: os alunos recebem acesso ao seu próprio potencial através da educação inclusiva e da acessibilidade escolar.

O que são barreiras de acessibilidade escolar?

“Pessoas com deficiência são aquelas que têm impedimentos de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas.”

Essa é a definição da ONU de pessoas com deficiência, de acordo com a sua Convenção Sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência, de 2004. Note o uso da palavra barreiras. Ela é bastante importante para o nosso assunto.

O conceito das barreiras externaliza a responsabilidade da acessibilidade e a coloca sobre todos nós, cidadãos. A pessoa com deficiência tem impedimentos quando em interação com essas barreiras.

Por conta disso, a escola tem responsabilidade de remover essas barreiras, e não a pessoa com deficiência tem responsabilidade de superá-las.

Caracterizando as barreiras, elas são obstáculos que limitam (ou impedem):

• O acesso a qualquer lugar da escola, inclusive sua entrada ou saída e o próprio lado de fora;

• A liberdade de movimento na escola e nos seus arredores;

• A segurança no movimento e na circulação;

• A comunicação entre pessoas;

• O acesso à informação.

O que é a acessibilidade espacial?

Para entender a acessibilidade espacial, precisamos fazer uma reflexão. Quando você entra em um lugar pela primeira vez, qualquer lugar, você consegue se orientar sozinho na maior parte das vezes.

Os corredores, as sinalizações, placas nas portas - tudo na arquitetura é pensado para facilitar a sua autonomia. Todo mundo deve ter o direito de entrar, se locomover, se orientar e se acomodar em um ambiente sem pedir a ajuda de ninguém.

A acessibilidade espacial é isso, com ênfase em todo mundo.

O trabalho da acessibilidade espacial está em atenuar as dificuldades naturais das pessoas através da arquitetura. E essas dificuldades, apesar de comumente serem relacionadas à deficiência, podem afligir qualquer pessoa.

Alguém desorientado por qualquer motivo, uma pessoa idosa, uma pessoa com muletas por pouco tempo, uma pessoa com a visão reduzida - todas elas precisam de acessibilidade espacial, não só as PCD.

E outros problemas estruturais, de momento, também realçam a necessidade da acessibilidade espacial. Emergências como incêndio, blecaute ou inundações são exemplos disso.

Livros sobre a acessibilidade escolar

Uma das maiores referências na inclusão e na acessibilidade escolar é a pedagoga e doutora em educação Maria Teresa Egler Mantoan.

A Dr. Mantoan já escreveu vários livros sobre educação explorando mais o que exatamente é a acessibilidade, qual é o seu papel na inclusão escolar e como atingi-la.

A leitura de pelo menos dois deles, para quem está interessado de verdade no tema, é obrigatória. Os links para comprá-los estão logo abaixo:

➡️Inclusão escolar: o que é? por que? como fazer? ➡️Inclusão escolar: pontos e contrapontos

A doutora também tem outros livros muito bons, mas esses são os mais completos e acessíveis para quem está começando a ler sobre o tema agora.

Se você quer se aprofundar mais no tema, recomendo a leitura dos glossários desses livros para mais recomendações de autores.

Também vale a pena acessar esse link de livros relacionados na Amazon. A Dra. Maria Teresa também foi organizadora em várias outras obras que valem muito a leitura.

A acessibilidade escolar nos diferentes ambientes da escola

Colocar em prática todos os preceitos da acessibilidade escolar é uma necessidade urgente em todas as escolas.

A questão é que muitas escolas pensam na acessibilidade em alguns pontos fundamentais, mas acabam se esquecendo de outros que são tão importantes quanto.

Também é muito comum que escolas adotem uma ou duas medidas e pronto: a acessibilidade está atingida. Não é bem assim que funciona.

A acessibilidade escolar é um compromisso que dura para sempre. Coordenadoras e diretoras precisam estar sempre procurando barreiras e as removendo, garantindo a autonomia dos estudantes.

Aqui nesse tópico vamos mostrar de forma resumida onde essas barreiras costumam estar. E no final do texto trazemos uma cartilha completa para completar o assunto.

Começando:

Rua, entrada e recepção

Já entrando no mérito de locais que costumam ser bastante ignorados pela acessibilidade escolar, o primeiro ponto que você precisa ficar de olho é em como facilitar o acesso à sua escola.

Essa facilidade começa na sua rua. Qual é a disponibilidade do transporte público? Há estacionamento com vagas para PCDs? Como é o trajeto do estacionamento até a porta da escola?

E depois, chegando na entrada da escola, existem várias outras barreiras que precisam ser averiguadas. Há rampa de acesso? A porta está bem identificada? A pavimentação é escorregadia? Há degraus e buracos?

E as preocupações que a sua escola deve ter não param por aí. Na recepção, o balcão é alto demais? Há móveis atrapalhando a passagem? Há tapetes que podem ocasionar um acidente?

Essa parte da acessibilidade escolar é muito necessária nas escolas, porque a entrada (e a saída) são as áreas que concentram mais pessoas se locomovendo ao mesmo tempo.

Corredores, salas de aulas e laboratórios

A entrada da escola é importante, mas a autonomia dos estudantes com certeza é mais urgente nos espaços comuns da escola, os espaços que os alunos precisam percorrer todos os dias.

A maior ameaça à autonomia que o exterior da escola apresenta é a necessidade de entrar acompanhado de responsáveis. Isso prejudica sua independência e claro, gera situações socialmente desagradáveis.

Enquanto isso, o interior da escola apresenta seus próprios desafios que, dependendo da personalidade do aluno, são intransponíveis.

Alunos tímidos ou com dificuldades de verbalização podem passar anos sem acessar locais específicos da escola por falta de acessibilidade.

Nos corredores, você precisa se atentar à sua largura, piso escorregadio e em más condições, muretas muito baixas, degraus nas soleiras das portas etc.

Nas salas de aula, podemos destacar as carteiras não adaptadas para alunos de cadeiras de rodas, falta de contraste entre o chão e as paredes, quadro muito alto e com pouco espaço para mobilidade.

Nos laboratórios, atente-se a altura das mesas, pias e prateleiras, se há computadores com recursos de acessibilidade, largura dos corredores etc.

Biblioteca, sala multimídia e auditórios

Resgatando o exemplo anterior, em alguns casos dentro da escola, alunos com baixa mobilidade podem ignorar ambientes educativos por anos se eles não forem adaptados.

E isso é especialmente triste no caso da biblioteca, ambiente que tem o poder de transformar vidas através da leitura.

Para esse ambiente, evite mesas com obstáculos e fique sempre atento à altura das suas estantes, assim como a largura dos corredores. Os balcões também não podem ser muito altos.

A entrada para a biblioteca não deve ter degraus, e o corredor que leva até a sala não pode ter escadas.

O mesmo vale para a sala multimídia, com um adendo: computadores com softwares para leitura de tela.

Os auditórios precisam ter assentos dedicados à PCDs, e formar corredores com espaço o suficiente para que esses alunos possam passar sem problemas e com autonomia.

Baixe a cartilha da acessibilidade escolar

Essa cartilha que estamos mencionando nem é nossa, mas mesmo assim não podemos deixar de recomendá-la para qualquer pessoa com um genuíno interesse na acessibilidade escolar.

A cartilha é grátis e está disponível nesse link. Ela foi idealizada pela Secretaria de Educação Especial do MEC.

Para melhorar seus resultados, faça uma consulta de satisfação dos responsáveis e alunos da sua escola. Temos um formulário pronto que você pode baixar aqui.

Espero que esse texto tenha te ajudado a pensar mais no futuro da sua acessibilidade escolar! Obrigado pela leitura a a gente se vê no próximo 😉