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ChatGPT na educação: como preparar seus professores

ChatGPT na educação: como preparar seus professores

Equipe iScholarLeitura: 12 min

Muita gente gosta de comparar o ChatGPT na educação com a chegada da calculadora para os alunos. Naquela época, eles se viram livres dos cálculos intermináveis, que só atrapalhavam o raciocínio. Então hoje é a mesma coisa, certo?

Nem tanto. O ChatGPT na educação é uma novidade nunca vista antes. A calculadora não chega nem perto do nível de transformação que o ChatGPT promete trazer para dentro da sala de aula.

No texto de hoje vamos conversar um pouco mais sobre o ChatGPT, quais são as ameaças que ele traz para a educação e as oportunidades que ele apresenta.

E também, claro, como lidar com elas. Como reduzir o impacto do ChatGPT na educação? E como aproveitar melhor essas oportunidades que ele traz?

Você vai descobrir agora. Mas primeiro:

O que é o ChatGPT?

Logo do ChatGPT

O ChatGPT é um programa de computador desenvolvido pela OpenAI, uma empresa de tecnologia dos E.U.A. A própria OpenAI tem vários outros produtos abertos para o público que usam a inteligência artificial.

A imagem que abre esse tópico e todas as imagens usadas nesse texto foram geradas usando o Dall-E 2, ferramenta de inteligência artificial da OpenAI que cria imagens à partir de instruções.

O ChatGPT é uma inteligência artificial específica, usada apenas para reunir informações e entregar um texto conciso, muito similar ao modo como os humanos conversam.

É claro que ele tem várias limitações — ele tem vieses de opinião inatas, entrega informações erradas de vez em quando e seu estilo de escrita é muito genérico.

Mas não genérico o suficiente para chamar a atenção de professores imediatamente. Segundo o próprio ChatGPT:

“Professores podem ser enganados por alunos que usam conteúdo gerado por IA em trabalhos ou redações, já que as técnicas de detecção de plágio não são eficazes para identificar esse tipo de conteúdo. No entanto, é importante lembrar que essa prática é antiética e pode ter consequências sérias para o aluno.”

Conforme você vai usando o ChatGPT, você vai encontrar alguns pontos muito similares entre os textos que ele gera. O uso do “no entanto”, por exemplo, que ele abusa. E outras expressões que ele acaba repetindo demais.

Para conversarmos melhor sobre os desafios que o ChatGPT traz para a educação, veja o tópico abaixo:

Os desafios do ChatGPT na educação

Robô de brinquedo feito com papel laminado

Quando muita gente compara o ChatGPT com a calculadora, é importante tentar ler nas entrelinhas dessa comparação.

Assim como a calculadora, o ChatGPT automatiza um trabalho antes feito pelos alunos na escola — o cálculo.

A diferença principal é que o ChatGPT, apesar de também fazer cálculos, é uma ferramenta de automação da produção textual.

E a produção de um texto na escola é bem diferente dos cálculos que a calculadora substituiu. O maior problema que o ChatGPT traz para a educação é a automação do raciocínio.

Falamos sobre essa questão e mais algumas outras aqui nesse tópico. Acompanhe:

A automação do raciocínio

Um dos principais pontos da gestão democrática e participativa nas escolas é oferecer aos alunos a possibilidade deles pensarem por si próprios.

É o que chamamos de método do aluno protagonista. Esses dois links exploram melhor o papel do aluno na educação, são ótimos textos para uma leitura mais aprofundada.

O que o ChatGPT na educação traz é uma completa disrupção nessa dinâmica. A produção de texto está intimamente conectada com o raciocínio dos alunos.

O autor William Zinsser, que escreveu o livro “Como Escrever Bem” — que é um verdadeiro manual de escrita jornalística e não-ficção — define a escrita como a expressão máxima do raciocínio humano.

Quando o ChatGPT automatiza a escrita, ele acaba automatizando também o raciocínio. Como explicou a professora do IFTM Criciúma Michele Alda Rosso Guizzo, doutora em Informática na Educação pela UFRGS:

“O ChatGPT põe em xeque questões de autoria e produção de conhecimento, e esses são os principais resultados que o professor espera obter com uma boa aula. Assim, a utilização de uma ferramenta que ‘pensa’ pelo aluno assusta com a ideia de que não será mais possível observar no dia a dia a evolução da aprendizagem dos nossos estudantes".

A burla das avaliações

Outro problema clássico do ChatGPT na educação é a possibilidade dos alunos burlarem avaliações feitas em casa, como trabalhos, pesquisas e fichamentos.

Esse é um problema ainda mais complicado em avaliações EaD. As respostas discursivas podem ser criadas pelo ChatGPT e editadas pelos alunos para que elas fiquem mais naturais.

Nesse caso, o raciocínio ficou todo com a máquina, enquanto o aluno faz a parte de editoração.

Bom, aprender editoração é bom para algumas profissões. Escritores e redatores em geral, por exemplo, precisam aprender essa técnica. Mas alunos de cursos específicos nem tanto.

A dificuldade em determinar o que é plágio

O pedagogo Fabrício Spricigo, do IFTM, elucida bem a relação entre o ChatGPT na educação e o plágio:

"Outra questão que assusta os professores é a questão do próprio plágio e da fonte. Se o estudante consulta suas produções textuais somente a partir dessa base de dados, como já temos o Google, o ChatGPT vem nesta mesma linha mas de modo mais aperfeiçoado, porque a Inteligência Artificial já faria esse trabalho [de conexão dos conteúdos], o que poderia ser utilizado de forma a burlar o sistema educativo, a forma como a avaliação é realizada hoje”

O que exatamente é o plágio? A cópia de informações e conclusões de outros autores sem a inclusão da fonte. Em sua essência, é copiar um raciocínio e usá-lo como se ele fosse seu. É fingir que você chegou a uma conclusão de outra pessoa.

Pensando assim, usar o ChatGPT é plágio? Como nós estamos acostumados a tratar o plágio como uma cópia direta de um trabalho, nem tanto - ele não é um autor, é uma ferramenta. E é nessa nuance que vive o perigo.

Hoje, o consenso é que quem usa o ChatGPT não está plagiando, mas também não está criando uma obra original, e portanto não pode ser seu autor.

Essa área cinzenta ainda precisa de muita regulação e legislação. Mas até lá, é responsabilidade das escolas determinar suas próprias regras sobre o uso do ChatGPT em provas, artigos e pesquisas.

A reorganização dos trabalhos avaliativos

Tudo isso nos leva a uma grande revolução no sistema de ensino. O ChatGPT na educação apresenta como seu maior desafio a adequação das escolas em relação aos trabalhos avaliativos.

Quando uma pesquisa não precisa mais ser desenvolvida nos modelos tradicionais, os trabalhos avaliativos precisam mudar. Não por questão de nota ou o que é certo e errado, mas sim por uma questão de aprendizado, plenamente pedagógica.

Os alunos que usam o ChatGPT podem ter boas notas mas um aprendizado péssimo. No caso dos cursos online em faculdades ou no nível técnico-profissionalizante, isso é ainda mais complicado. Um aluno pode ter as melhores notas e não aprender absolutamente nada.

Todas as escolas e instituições de ensino em geral vão precisar reorganizar seus métodos avaliativos, porque entender o quanto o aluno aprendeu e o quanto a máquina “aprendeu pra ele” é uma tarefa muito difícil nos modelos tradicionais.

Nosso próximo tópico é dedicado inteiramente a esse assunto. Confira:

Como lidar com o ChatGPT na educação?

Celular com ChatGPT aberto em cima de um livro.

As respostas vão variar bastante dependendo de para quem você pergunta.

O próprio ChatGPT, com o seu viés óbvio, diz que usar seu modelo de linguagem na educação é por si só uma grande oportunidade. Alunos e professores precisam abraçar a tecnologia e incorporá-la na sala de aula o quanto antes.

Mas é claro que ele diria isso. Essa é a posição das desenvolvedoras da tecnologia, que são, acima de tudo, desenvolvedoras de um produto no mercado.

Mas existem outras opiniões sobre como utilizá-lo — inclusive, várias opiniões contrárias ao seu uso.

Vamos conhecê-las melhor?

Atividades avaliativas escritas à mão

Algumas escolas e principalmente faculdades estão voltando aos tempos clássicos e pedindo qualquer tipo de trabalho escrito à mão ou datilografado.

Essa é uma estratégia interessante para coibir o uso do ChatGPT e estimular a pesquisa, mas ao mesmo tempo ela traz suas próprias limitações.

A mais clara delas é a possibilidade dos alunos simplesmente copiarem o que está escrito na tela à mão.

A resposta a isso você acompanha logo abaixo:

Treinamento dos professores para a identificação da IA

Hoje, o próprio ChatGPT diz ser capaz de identificar textos escritos por IA. Mas o ChatGPT também é um ótimo mentiroso.

O próprio exemplo lá de cima, um texto gerado por ele próprio, foi identificado como escrito por um humano pelo ChatGPT.

Plataformas de inteligência artificial não conseguem detectar textos de inteligência artificial. E, por mais que os avanços da OpenAI apontam na direção de uma ferramenta que faz esse trabalho, hoje ela ainda não é confiável.

O que você precisa fazer é treinar seus professores. Eles são sua principal arma contra o ChatGPT na educação. Mostre quais são as estruturas do ChatGPT e estimule seu uso entre os professores.

Com o tempo, eles vão se tornar craques em determinar se um texto foi escrito por uma pessoa ou não.

E isso nos leva ao próximo assunto:

Avaliações conduzidas oralmente

Quando as calculadoras começaram a se popularizar nas faculdades que exigem cálculo, as matérias de cálculo se tornaram mais voltadas para o raciocínio. Não importa a dificuldade de realizar uma operação matemática: a calculadora faz.

O ChatGPT na educação deve aumentar o nível das avaliações da mesma forma. Se os alunos têm as respostas instantaneamente na ponta dos dedos, só entregar um trabalho escrito perde a relevância como atividade avaliativa.

Seminários e apresentações orais devem dominar os modelos avaliativos escolares e acadêmicos. Dessa forma, o aluno é estimulado a raciocinar por si próprio, já que ele vai ter que argumentar seu posicionamento.

E falando nisso: 


Valorização da capacidade de argumentação dos alunos

Com conteúdo para todo lado, as habilidades mais clássicas no ensino tradicional começam a perder sua força.

Veja a leitura, por exemplo. Ensinar a matéria através da leitura do livro didático é uma tarefa que corre o risco de se tornar obsoleta. O ChatGPT consegue fazer um resumo simples em dois cliques.

Do mesmo modo, até as aulas expositivas apresentam riscos de extinção. O ChatGPT desestimula a atenção dos alunos porque eles sabem que tudo o que o professor está falando está armazenado na IA. Eles têm acesso a todas as aulas do mundo a qualquer hora.

Assim, outras habilidades devem ser estimuladas nos alunos. A argumentação é uma delas. As escolas mais inovadoras do Brasil trabalham com debates constantemente, colocando a experiência e o conhecimento dos professores como moderadores, e deixando os alunos falarem.

Essa forma de ensinar remonta à pólis ateniense e os Diálogos de Platão. É provável que, conforme a tecnologia avance, mais e mais escolas retornem ao pensamento clássico para estimular o raciocínio dos alunos.

Vale a pena banir o ChatGPT das escolas?

Mulher lendo um livro com o ChatGPT entre as páginas

Não muito. O ChatGPT veio para ficar. Ele é só o primeiro de uma revolução da inteligência artificial. Ainda vamos ver outras mais evoluídas surgindo nos próximos anos.

Os alunos vão encontrar, no futuro, situações onde eles vão ter que lidar com o ChatGPT. Na sua rotina de trabalho, é bem provável que o ChatGPT os auxilie em algumas tarefas mais simples.

Então, o banimento completo do ChatGPT como ferramenta não é a melhor das ideias, simplesmente porque seus alunos vão encontrá-lo no futuro.

É possível ensinar para a turma os seus verdadeiros usos e suas limitações. Mentiras, por exemplo, são comuns. O ChatGPT fala com muita autoridade sobre qualquer tema, e mente também com muita autoridade, além de constantemente.

Tudo o que é proibido ganha uma aura misteriosa e atrativa para os alunos. Banir o ChatGPT só vai fazer suas limitações ficarem menos evidentes para os alunos, o que é um problema por si só — para hoje e para o futuro.

Como os professores podem usar o ChatGPT?

Professor e aluno olhando para um computador
Professores sim podem usar o ChatGPT para ter novas ideias de aulas, novas dinâmicas de ensino e até para criar atividades e problemas.

A questão é que os professores também precisam ter bastante familiaridade com a ferramenta para trabalhá-la bem. Entender suas limitações é fundamental.

Você deveria começar esse trabalho ainda hoje. Junte seus professores em um grupo de estudos sobre o ChatGPT e busque, como objetivo desse grupo, sugestões de como usá-lo para melhorar as aulas.

Mas isso precisa começar agora. Quanto mais as escolas ignorarem os impactos e as oportunidades do ChatGPT na educação, mais os alunos vão usá-lo sem coordenação e com objetivos escusos — como a cola.


Nesse momento, você vai precisar de uma ótima relação escola-responsáveis. É através dela que a sua escola vai conseguir lidar com os tempos incertos que estamos vivendo.

Os responsáveis devem ajudar os alunos a entender as razões do estudo ser como ele é. Valorizar a escrita e a pesquisa. Isso começa em casa.

Nós temos um material que fala mais sobre como melhorar essa relação entre responsáveis e a escola. E ele é 100% grátis. Baixe agora!

Obrigado pela leitura e a gente se vê no próximo texto.

 

 

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