Método aluno protagonista: como aplicar em sala?
O termo “aluno protagonista” aparece na BNCC de 2018 mais de cinquenta vezes, você sabia disso? Para ser exato: “protagonista” ou “protagonismo” aparece 55 vezes no documento.
Veja como o foco no estudante e no seu protagonismo vem sendo levado a sério no Brasil. A ideia, que tem raízes em conceitos mais avançados e progressistas de educação, pretende transformar os alunos em agentes ativos na aquisição de conhecimento - e não mantê-los "repetindo o mestre".
As escolas precisam estar preparadas para o aluno como protagonista do seu aprendizado. Todas precisam dominar o conceito, aplicá-lo para os seus professores e propor mais que atividades: mais mudanças profundas no seu Plano Político Pedagógico.
E olha que bacana, hoje vamos falar exatamente sobre esses pontos. Vem com a gente?
O que é o aluno como protagonista?
O aluno protagonista é sujeito da sua própria aprendizagem: é ele que, através do apoio do professor, vai construir suas experiências e sentimento de mundo, de inserção na realidade.
O conceito de aluno protagonista vem desde a escola construtivista, sendo em instituições de ensino reconhecidas. Hoje ele é mais democrático: está formalizado como objetivo da educação brasileira na BNCC.
No método construtivista, existe o entendimento que todo mundo forma suas próprias opiniões sobre a realidade através de estímulos físicos e mentais. A realidade do mundo é única para cada pessoa.
Essa abordagem se opõe bastante ao modelo mais tradicional e objetivo da pedagogia que dominou o mundo desde sempre. Nesse modelo tradicional, já existe uma realidade objetiva, e cabe aos professores ensinar os alunos a encontrá-la e viver nela.
Na abordagem do aluno como protagonista, o papel do professor é fazer com que o aluno encontre, com a ajuda do tutor, a sua própria realidade individual. E celebre a realidade de todo mundo, inserindo-se em uma comunidade diversa, plural.
Qual é a maior vantagem do aluno protagonista?
Segundo a teoria da expectativa da recompensa, de John M. Keller, o aluno aprende melhor quando sente que a educação contribui em algo na sua vida.
Quem trabalha com o ensino médio, com certeza já ouviu a frase “eu não vou usar isso pra nada”, não é mesmo? O aluno como protagonista busca justamente resolver essa situação.
Todo estudante chega na escola, independente da idade, com seu próprio perfil de aprendizado, carregando a bagagem da sua vida até o momento.
A forma com que ele aprende está diretamente relacionada com como ele viveu até hoje e como ainda vive.
O método do aluno como protagonista respeita essa história, e mostra para todos os alunos que as diversidades são respeitadas, e é a partir dela que um aprendizado mais cidadão acontece.
Alunos que são guiados em aula para uma única realidade objetiva não vão se sentir protagonistas, e a educação sofre com isso. É o mesmo que dizer “olha, o mundo funciona desse jeito para todas as pessoas. Se funciona diferente pra você, aluno, então precisa se adequar a ele”.
Quem gostaria de ouvir uma frase assim? Quem gostaria de ser protegido a ponto de não conseguir viver sua vida como bem entende?
O aluno como protagonista é uma forma de respeitar o próprio aluno. E portanto, ele aprende mais e se forma não apenas como alguém que passou em todas as provas, mas como um cidadão pronto para viver o mundo.
O aluno protagonista no BNCC
Veja algumas frases do BNCC entrega frases sobre o aluno protagonista ao longo das suas páginas. São verdadeiras lições de vida em forma de incentivos para a independência do aluno na busca pela aprendizagem.
Algumas delas para te inspirar hoje:
“A BNCC propõe a superação da fragmentação radicalmente disciplinar do conhecimento, o estímulo à sua aplicação na vida real, a importância do contexto para dar sentido ao que se aprende e o protagonismo do estudante em sua aprendizagem e na construção de seu projeto de vida.”
Veja como, só nesse parágrafo, a BNCC fala sobre o contexto prático e aplicável do que se ensina (uma ideia Freiriana), a superação do caráter disciplinar do conhecimento (fim da decoreba) e a responsabilidade do próprio estudante na construção do seu projeto de vida.
É isso que o BNCC quer transmitir acima de tudo: a educação é uma ferramenta extremamente valiosa para o estudante, mas cabe a ele formar sua própria realidade e, por meio da educação, construir sua própria vida nos seus próprios termos.
Olha outro trecho falando sobre o ensino da Arte:
“A aprendizagem de Arte precisa alcançar a experiência e a vivência artísticas como prática social, permitindo que os alunos sejam protagonistas e criadores.”
Mais uma vez vemos grandes palavras-chaves: a experiência, a vivência, a prática social, o protagonismo e a criação.
Não é à toa que estamos usando essas palavras desde o começo do texto. O BNCC de 2018 está com foco total nesse novo aspecto da escolaridade, e recomenda em cada uma das áreas de aprendizagem um foco maior no que elas representam.
Você pode acessar gratuitamente o BNCC no site e clicando nesse link. Te recomendo bastante a leitura!
Exemplos de aluno protagonista em sala de aula
O aluno protagonista, como você deve ter percebido até agora, não é exatamente um método, mas sim uma filosofia que aborda vários conceitos educacionais.
É um grande guarda chuva, por assim dizer. Tem conceitos da pedagogia do oprimido, do construtivismo, da teoria da recompensa, de métodos montessorianos etc.
A ideia não é necessariamente repensar tudo o que se faz na escola, nem jogar todas essas teorias em um grande balaio, misturar tudo e servir de qualquer jeito.
O ideal é que a escola busque interpretar as metodologias que ela já usa buscando adaptá-las para a realidade do aluno protagonista.
Temos algumas dicas de atividades aqui pensando nisso, para o ensino infantil, fundamental e médio. Olha só:
Aluno protagonista no ensino infantil - hora da história no jardim
Isso vai levar tempo até dar certo, então essa não é uma atividade para ser feita uma vez só, mas repetida várias vezes ao longo de uma semana ou até de um mês.
A ideia aqui é reinventar a hora da história para as crianças. Normalmente, quando a professora vai contar uma história, tende a pedir a atenção 100% nela e na história que é contada no momento, certo?
Inclusive, também precisa que os alunos respondam suas perguntas para conduzir a aula. Mas e se fosse o contrário? E se a história se desenrolasse conforme os alunos vão descobrindo seus interesses?
Essa atividade funciona assim:
Leve as crianças para o jardim para contar uma história: e quando elas chegarem lá, você, professor(a), inicia a conversa sobre o que elas estão vendo em vez de já começar na história imediatamente. As crianças estão interessadas em um bichinho, querem pisar na grama descalças, ou querem correr? Tudo bem!
Molde a história de acordo com os estímulos: agora, já é possível contar uma história diferente ou adaptada com o que as crianças já estão vendo. O bichinho pode ser uma personagem, o jardim o cenário etc. Isso vai chamar a atenção delas e permitir que a história se desenrole melhor.
Deixe as crianças participarem da história: ao invés de exigir silêncio em respeito à classe, perceba que estando ao ar livre em um momento lúdico, todo mundo é igual nessa história, e todo mundo pode conversar sobre ela e o que entendeu dela.
O que as crianças sentiram com a história: agora que a professora já contou uma história com base nas experiências que as crianças tiveram naquele dia, elas se sentem parte do que foi contado. Esse estímulo à imaginação convida os sentimentos a saírem. A tutora então pergunta para as crianças o que elas acharam da história: "o que aconteceu com o bichinho?”, por exemplo.
Aluno protagonista no ensino fundamental - aulas dramáticas e teatrinho
Para o ensino fundamental, a energia das crianças precisa ser mais controlada. Com crianças, é mais fácil contar histórias, mas com pré-adolescentes, o método é um pouco mais desafiador.
Nessa fase da vida, as crianças já estão desenvolvendo bem a expectativa da recompensa e da interatividade. Então, se frustram muito mais com aulas mais rígidas e que só entregam conteúdo.
A criança do ensino fundamental que percebe que a aula será mais conteúdo transmitido sem interatividade tem grandes chances de simplesmente “desligar”. Não prestar atenção, conversar e brincar.
Então, entendemos que essa criança está buscando interatividade, certo? E que se não há interatividade, a criança vai imediatamente inventar a sua própria com os colegas. Aí já fica claro como tornar esse aluno protagonista: oferecendo os dois ao mesmo tempo.
Uma sugestão de atividade é a aula drama. Algo assim:
Roteiro: o professor, com a ajuda dos alunos, disponibiliza temas baseados em grandes peças do teatro brasileiro. As crianças podem adaptar partes do roteiro de uma grande obra e fazer uma apresentação;
Ensaios: as crianças têm espaços em aula para ensaio e adaptação do roteiro original, mas ao mesmo tempo precisam encontrar seus próprios meios e tempo de ensaio, já que quanto mais trabalharem na peça, melhor ela vai ser.
Professor como produtor: o professor pode agir como um produtor das peças dos alunos, procurando espaços na escola junto com a coordenação para fazer exibições com platéia.
Respeito ao resultado final: os critérios de avaliação não devem incluir a qualidade da história ou do roteiro, já que isso é decisão dos próprios alunos. Esses critérios precisam medir o comprometimento dos estudantes com o resultado final. Tudo foi bem ensaiado? A tarefa foi levada a sério?
Aluno como protagonista no ensino médio - o mini TCC
Essa é uma sugestão de atividade para a escola expressar bem o aluno como protagonista no ensino médio, mas aqui é fundamental que a escola também trabalhe “nos bastidores” para que o aluno perceba realmente o foco.
Antes de falar da atividade, então, a gente precisa falar sobre o currículo escolar. No ensino médio, os alunos já vão ter suas áreas de afinidade razoavelmente desenvolvidas. Uma escola com foco no aluno protagonista vai disponibilizar maneiras para que ele procure se especializar no que mais lhe interessa.
O Novo Ensino Médio está indo no mesmo caminho com suas áreas de conhecimento, já dispostas também na BNCC. A escola precisa oferecer suporte, informação e recursos para que o aluno protagonista construa sua história. Esse é um momento crucial da sua formação como estudante.
Mas para uma ação prática, várias escolas particulares trabalham com um mini TCC. Nele, o aluno precisa entregar um trabalho muito bem pesquisado, com características de pesquisa científica básica, para concluir seu curso. Funciona mais ou menos assim:
- Divisão em grupos de afinidades: os alunos são separados em grupos e definem qual será o tema do seu TCC;
- Orientação dos professores: a equipe docente vai trabalhar na orientação desses trabalhos, buscando junto com os alunos recursos e pessoas para conversar sobre o que será desenvolvido;
- Banca de avaliação: uma banca composta por professores é estabelecida com o propósito de avaliar os esforços. O mesmo que falamos sobre o teatrinho do ensino fundamental vale aqui: o importante é avaliar o esforço desprendido e a seriedade do trabalho. A qualidade do tema é de responsabilidade dos alunos;
Como um sistema de gestão escolar apoia o aluno protagonista?
Sistemas de gestão escolar permitem que o aluno domine de um jeito simples todas as informações acadêmicas que ele possa precisar.
E de quebra ainda ajudam a escola a organizar aulas, turmas, atividades extracurriculares e toda a logística envolvida no trabalho de oferecer cada vez mais protagonismo aos alunos.
Estudantes com um app onde podem acompanhar seu desenvolvimento são a definição do protagonismo no seu dia a dia acadêmico. E isso é ótimo porque, em alguns anos, eles estarão fazendo exatamente a mesma coisa na faculdade.
Um sistema de gestão escolar anda lado a lado com o protagonismo estudantil. Pais, familiares e professores estão acompanhando e apoiando o desenvolvimento dos estudantes. Mas não podem organizar a vida deles.
Essa é uma tarefa que eles precisam fazer sozinhos.
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